Foto: USAID/Divulgação |
“Os mais pobres e os mais velhos são frequentemente os mais atingidos e os últimos a serem atendidos em grande parte das crises”, informa o professor que está desenvolvendo Pós Doutorado em Direito Ambiental e Desastres Naturais na Universidade de Berkeley – Califórnia. O curso é fruto de um intercâmbio entre as duas universidades e resultará na criação de um Sistema Estadual para Análise de Riscos e Prevenção de Desastres no Paraná.
Atualmente o especialista tem se dedicado a analisar os impactos dos desastres naturais sobre as diferentes classes sociais. “Aparentemente, na ocorrência de um evento natural de grandes proporções, como um terremoto, uma avalanche ou um tsunami, todas as pessoas, independentemente de classe social, idade ou raça, sofrem a mesma força da natureza. Porém, a diferença na forma como estes impactos são sentidos e na capacidade de reação das populações é que salta aos olhos”, relata.
NÚMEROS - Recente estudo publicado por Daniel Farber, especialista em Desastres Naturais que coordena a pesquisa do professor paranaense na Universidade de Berkeley, destaca que após o evento do Furacão Katrina em 2005, quando cerca de um milhão de pessoas foram evacuadas de New Orleans, mais de 60% dos desabrigados e alojados nos ginásios e outros espaços públicos em condições precárias eram afrodescendentes de baixa renda.
Estudos posteriores confirmam que, ao mesmo tempo, as pessoas das classes mais abastadas já estavam fora do perímetro do local atingido, abrigadas em casas que possuem fora da área de risco ou em hotéis.
Outro estudo divulgado pelo Congressional Research Service, do Departamento de Estado Norte Americano, revela que aproximadamente 272 mil pessoas negras foram desalojadas pelas enchentes – ou cerca de 70% do total da população afetada.
Padrão semelhante foi identificado no tsunami do Japão em 26 de dezembro de 2004, que vitimou mais de 150 mil pessoas. O impacto não se deu de forma igual sobre toda a população. Os mais pobres foram significativamente mais afetados. Segundo Paulo de Tarso, frequentemente isto ocorre por estes grupos vulneráveis viverem em áreas de risco e ficarem mais fragilizados e desassistidos após os desastres.
BRASIL - No Brasil a situação se repete. De acordo com dados recentes divulgados pela Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil ocupa a 3ª colocação em número de mortes causadas por desastres naturais em 2011 e está entre os dez países com o maior registro de tragédias.
Tragédia na Região Serrana do Rio de Janeiro |
“Pessoas dos mais diversos níveis sociais foram vitimadas, entre elas políticos e empresários. No entanto, passados 12 meses da tragédia, a população que continua sofrendo os impactos do evento é a de baixa renda”, reafirma Paulo.
Segundo ele, entre as principais dificuldades encontradas pelas pessoas de baixa renda atingidas por desastres naturais estão: enfermidades que se espalharam pelo local após a tragédia, estradas que permanecem intransitáveis em alguns trechos e a falta de novas moradias para os desabrigados.
“O governo estadual calculou que seria necessário um investimento de R$ 3,4 bilhões para a recuperação da área em dois anos. Porém, pouco mais de 50% do valor prometido foi efetivamente aplicado ou destinado às camadas mais frágeis da sociedade”, lembra o professor paranaense.
Ainda são muitos os desalojados do litoral paranaense |
0 comentários:
Postar um comentário