segunda-feira, 23 de abril de 2012

Nova técnica permite identificar fontes de emissões de gases-estufa


Poluição cria nevoeiro sobre a cidade indiana de Bangalore: diferença química entre emissões naturais e as produzidas pelo homem AFP/Dibyangshu Sarkar

Cientistas americanos desenvolveram um novo método que permite distinguir os gases-estufa vindos da queima de combustíveis fósseis de outros gases presentes na atmosfera, uma técnica que promete ajudar a monitorar a eficiência das medidas de corte das emissões.

A equipe da Universidade de Colorado analisou seis anos de medições de dióxido de carbono (CO2) e outros gases feitas por aeronaves a cada duas semanas. Eles puderam separar o CO2 derivado dos combustíveis do vindo de processos biológicos, como a respiração de plantas, porque o carvão, óleo e gás não têm carbono-14, um isótopo do elemento que está em constante produção na atmosfera.

Como o carbono-14 é radiativo, com o tempo ele decai, isto é, se transforma na forma comum do elemento. Sua meia-vida, ou o tempo que metade de um determinado volume da substância decai, é de 5,7 mil anos. Como os combustíveis fósseis são derivados de restos de plantas e outros materiais orgânicos acumulados há milhões de anos, o CO2 produzido por sua queima não tem carbono-14, em contraste com o emitido por fontes biológicas atuais, que são ricas no elemento.

O novo método criado por Scott Lehman e John Miller, pesquisadores da Universidade de Colorado, e publicado na edição desta semana do “ournal of Geophysical Research- Atmospheres”, da União Americana de Geofísica (AGU), oferece ainda a possibilidade de no futuro relacionar diretamente as emissões da queima de combustíveis fósseis a um país ou região, melhorando a técnica atual de estimar as taxas de emissão de gases-estufa com base em princípios contábeis. Estas estimativas geralmente têm como base declarações dos próprios países sobre seu consumo de carvão, óleo, gás natural e outros combustíveis fósseis.

- Embora o método contábil provavelmente seja acurado em uma escala global, incertezas surgem em uma escala menor – diz Miller. - E como as metas de emissões estão ficando cada vez mais comuns, pode haver a tentação de declarar um consumo de combustíveis menor, mas poderemos ver essa mentira.

As emissões vindas da queima de combustíveis fósseis elevaram a concentração de CO2 na atmosfera de cerca de 280 partes por milhão no início do século XIX para aproximadamente 390 partes por milhão atualmente, destacou Miller. A grande maioria dos cientistas climáticos acredita que este aumento está causando o aquecimento do planeta.

- Acreditamos que a abordagem fornecida por este estudo pode aumentar a acuidade da detecção das emissões e verificar a contribuição da combustão dos combustíveis fósseis e outros gases pelo homem – considera Lehman.

A técnica de Lehman e Miller é semelhante a uma desenvolvida por Brian Giebel, da Universidade de Miami, para identificar a “assinatura” química do álcool e outros poluentes emitidos pela queima de biocombustíveis na atmosfera e publicado em agosto passado no periódico científico “Environmental Science & Technology”.

Fonte: Globo Ciência

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