Resultados de Mato Grosso, Paraná e Rio Grande do Sul evitam quebra nacional na produção de soja
O Brasil estabelece novo recorde de produção de grãos, mesmo com os problemas climáticos, mostra o Indicador Colheita da Expedição Safra Gazeta do Povo, elaborado após sondagens de campo em 14 estados. Apesar de uma série de veranicos ter afetado áreas expressivas em seis estados (RS, SC, MS, PI, MA, BA) e de as chuvas em excesso baixarem a qualidade dos grãos em Mato Grosso e pontualmente no Paraná, o Brasil confirma expansão de 21,9% na safra de soja em relação a 2011/12, com produção de 81,62 milhões de toneladas. No milho de verão, estão sendo colhidas 36,3 milhões de toneladas, com variação de 0,46% sobre 2011/12.
Essas duas projeções, somadas à previsão de 37,3 milhões de toneladas de milho de inverno, garantem 83% de uma safra com potencial para 185 milhões de toneladas, volume histórico que testa a estrutura nacional de armazenagem, transporte e embarque de grãos. Para o encerramento da safra de verão, falta colher um terço das lavouras de soja e cerca de 40% das de milho, trabalho que começou com atraso mas ultrapassou o ritmo dos últimos anos no início deste mês.
“Os veranicos causaram perdas expressivas e comprometeram o potencial da produção, mas no fim teremos mesmo mais uma safra histórica”, diz Robson Mafioletti, assessor técnico econômico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), que participa da Expedição. Em Mato Grosso do Sul, na região de Dourados, houve perdas de até 60%. No Rio Grande do Sul, as quebras não chegaram a esse ponto porque as lavouras são mais tardias e houve chuvas nos últimos dois meses. Em Santa Catarina, na região de Campos Novos, mesmo áreas replantadas apresentaram quebra de 30%.
Na nova fronteira agrícola do Centro-Norte, principalmente no Piauí e na Bahia, houve casos de perda total. Mesmo quem plantou de forma escalonada mas foi discriminado pelas chuvas registra prejuízo. “Estou com médias de 10 a 20 sacas por hectare (600 kg a 1,2 mil kg/ha). Nas partes que pegaram uma chuva a mais, chega a 40 (2,4 mil kg/ha). Porém, minha média de 65 (3,9 mil kg/ha) não vai chegar a 20 (1,2 mil kg/ha) no fim das contas”, calcula Gilberto Magerl, que plantou 4 mil hectares de soja em Formosa do Rio Preto (Oeste da Bahia).
O Oeste baiano retrata bem a grande oscilação registrada nas médias de produtividade. Arnaldo Curione, de Roda Velha, distrito de São Desidério, colhe até 3,9 mil kg/ha em áreas que, um ano atrás, renderam 3,3 mil kg/ha. Parte da lavoura rende apenas 2,7 mil kg/ha devido à falta de chuva e aos ataques de lagartas. Mas a produtividade média dos 900 hectares de soja da Fazenda Videira deve ser 10% superior.
Houve impacto na média nacional de produtividade, que no caso da soja caiu de 2,99 mil para 2,96 mil quilos por hectare. No Centro-Norte, com as perdas localizadas, estão sendo colhidos 200 quilos de soja a menos por hectare, em média. Porém, os bons resultados de estados líderes evitaram recuo maior. Mato Grosso, maior produtor de soja com 29,3% da safra nacional, colhe 8,6% a mais.
No milho de verão, os dois principais produtores, Minas Gerais e Paraná, tiveram aumento da produtividade: de 5,65 mil e 6,5 mil quilos por hectare para 5,85 e 7,95 mil, respectivamente. Essa expansão compensou queda no rendimento das lavouras registrada em estados como a Bahia (-4,4%). O produtor Rudimar Missio, de Pato Branco, Sudoeste do Paraná, está entre os que conseguiram ampliar a produtividade com rigor no cultivo e novas tecnologias. Ele passou da média de 9,4 mil quilos por hectare para 12 mil quilos por hectare.
A expansão das lavouras ajuda a sustentar a supersafra de soja. O país dedicou 2,4 milhões de hectares a mais à oleaginosa (9,5%). A expansão, principalmente sobre áreas de pastagens, indica que, nos próximos anos, quando não houver problemas climáticos, a safra deve ser ainda maior.
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