Custos com reconstrução de áreas atingidas por eventos naturais aumentaram de US$ 65 milhões para US$ 1 bilhão em 2010
Teresópolis, no Rio, no ano passado: custo alto para problemas de planejamento |
Nos últimos 30 anos, o aumento da ocorrência de desastres naturais no mundo foi responsável por perdas que saltaram de poucos bilhões de dólares em 1980 para mais de 200 bilhões em 2010. No Brasil, em somente seis anos (2004-2010), os gastos das três esferas governamentais com a reconstrução de estruturas afetadas nesses eventos evoluíram de US$ 65 milhões para mais de US$ 1 bilhão – um aumento de mais de 15 vezes.
Os dados foram citados na quinta-feira durante evento de divulgação do Relatório Especial sobre Gestão de Riscos de Extremos Climáticos e Desastres (SREX), do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC). A elaboração do documento foi motivada justamente por conta dessa elevação já observada de desastres e perdas. O alerta, porém, é para o futuro – a expectativa é de que essas situações ocorram com frequência cada vez maior em consequência do aquecimento global.
Alguns dos autores do relatório estiverem presentes ontem em São Paulo, em evento promovido pela Fapesp e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), para divulgar para a comunidade científica e tomadores de decisão os resultados específicos de América Latina e Caribe. A principal conclusão é que para evitar os desastres naturais, os cuidados vão muito além de lidar com o clima.
Vulnerabilidade
“O desastre natural não tem nada de natural. É a conjunção do evento natural com a vulnerabilidade e a exposição das populações a situações críticas”, afirma Vicente Barros, da Universidade de Buenos Aires e um dos coordenadores do relatório.
Segundo ele, desde 1950 vem ocorrendo um aumento do número de dias extremamente quentes e com chuvas extremas. Apesar disso, afirma o climatologista Carlos Nobre, coautor do trabalho, o que foi considerado como fator determinante para os desastres foi a maior exposição dos seres humanos por conta do aumento do adensamento urbano. No final das contas, acaba sendo um problema de planejamento urbano.
O relatório alerta que o risco de desastres continuará subindo uma vez que mais pessoas estarão em situação vulnerável. “É daí que virão os problemas. É um alerta para pensarmos em formas de adaptação. O Nordeste teve uma grande seca neste ano e o que o governo fez? Mandou cesta básica. A população, assim, não se adapta”, afirma o pesquisador José Marengo, do Inpe.
Além de alertar para ações dos governos, os pesquisadores também chamaram a atenção para a necessidade de mais estudos regionais.
Fonte: Agência Estado
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