terça-feira, 4 de setembro de 2012

Negociações climáticas se arrastam em Bangcoc

Apesar de a presidente do braço climático das Nações Unidas (UNFCCC), Christiana Figueres, afirmar que avanços estão sendo conquistados, os relatos sobre a última rodada de negociações antes da Conferência do Clima de Doha (COP 18), no Catar, em novembro, não são nada positivos.

Os quase 200 países reunidos em Bangcoc, na Tailândia, estão debatendo em dois fronts, um referente ao Protocolo de Quioto e outro sobre a Plataforma de Durban, criada na COP 17 e que é a base para um novo acordo climático.

Porém, os dois ‘caminhos’ estão praticamente estagnados diante de impasses entre países ricos, emergentes e menos desenvolvidos.

A mais recente briga sobre Quioto, por exemplo, trata-se da ameaça feita pelo grupo conhecido como AOSIS, que representa as pequenas nações insulares, de que países que não assinarem o segundo período do Protocolo não poderão ter acesso ao Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). Entre essas nações estariam Japão, Canadá e Rússia. Vale lembrar que os Estados Unidos nunca foram signatários de Quioto.

Em uma possível resposta, o governo japonês anunciou que está desenvolvendo sua própria ferramenta de transferência de tecnologias limpas em troca de créditos para emitir gases do efeito estufa. Chamada de Mecanismo Bilateral de Créditos de Emissão, a iniciativa funciona de forma semelhante ao MDL. O Japão afirma já estar em negociações com diversos países “amigos”, incluindo Vietnã e Mongólia.

Uma surpresa em Bangcoc é a apatia dos Estados Unidos, sempre um dos mais ativos nas negociações – para o bem ou para o mal. A falta de interesse dos delegados norte-americanos estaria sendo causada pela proximidade das eleições presidenciais. Enquanto Barack Obama não quer se comprometer com financiamento climático e ser visto internamente como um esbanjador, Mitt Romney não tem a menor intenção de adotar tratados climáticos, pois nega a existência do aquecimento global. Assim, a postura dos EUA no momento parece ser a de se deixar levar, desde que isso não resulte em novos compromissos.

Mesmo a União Europeia, sempre na vanguarda entre os países ricos nas negociações, parece não estar muito ambiciosa desta vez.

Delegados europeus em Bangcoc estariam afirmando que o bloco realmente não vai aumentar sua meta de 20% de redução de emissões até 2020 em relação aos níveis de 1990. Existia a esperança de que a UE elevaria esse valor para 30%, uma vez que os 20% serão alcançados sem esforço graças à recessão no continente, que freou a produção industrial.

A atual rodada de negociações prossegue até a próxima quarta-feira (5) e se nada de muito surpreendente acontecer nestes últimos dias, o resultado será o que já era esperado: poucos avanços e aprofundamento das diferenças.

Fonte: Instituto Carbono Brasil

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