segunda-feira, 30 de julho de 2012

Mundo vai ter de aumentar produção de alimentos em 50%


Conclusão é de forum científico em Dublin

Foto: CGIAR Climate / Creative Commons
A questão da segurança alimentar foi uma das maiores preocupações de um importante fórum europeu de ciência realizado recentemente em Dublin, Irlanda.

Para alimentar a crescente população mundial, será necessário um enorme aumento de 50 por cento na produção de alimentos até 2050, disseram especialistas. A questão foi: como a humanidade conseguirá isto, se nem ao menos consegue alimentar 1 bilhão de pessoas que passam fome hoje?

Jonathan Jones, especialista em alimentos do Sainsbury Lab, em Norwich, Inglaterra, disse; “Uma agricultura melhorada pode fazer uma grande contribuição. O crescimento de população e consumo está colocando uma pressão sem precedentes sobre a agricultura e os recursos naturais. Hoje, cerca de um bilhão de pessoas estão cronicamente subnutridas enquanto nossos sistemas agrícolas estão degradando água, solos e biodiversidade, e o clima, em escala global. Para responder às necessidades do planeta, a produção de alimentos vai ter de crescer substancialmente, com uma queda dramática na pegada de carbono da agricultura.”

O estudo de Jones analisa soluções para este dilema, mostrando que um grande progresso poderia ser feito ao brecar a expansão agrícola, fechar “gaps de produção” em terras de baixo desempenho, aumentar a eficiência das colheitas, mudar dietas e, acima de tudo, reduzir o desperdício. “Juntas, estas estratégias podem dobrar a produção de alimentos e ao mesmo tempo reduzir grandemente os impactos ambientais da agricultura.”

Mesmo com os ganhos de produtividade da agricultura, revelou Jones, cerca de 1 em sete pessoas não tem acesso a alimentos e estão cronicamente subnutridas. A situação pode piorar como resultado da especulação de mercado, a expansão das colheitas de biocombustíveis e perturbações do clima. Ainda que resolvamos estes desafios de acesso a alimentos, será necessária uma produção muito maior. Estudos recentes sugerem que a produção teria de mais ou menos dobrar para atender o crescimento populacional projetado, com mudanças em dietas como menor consumo de carne.

A agricultura, lembrou Jones, “é agora uma força dominante por trás das ameaças ambientais, e isto inclui mudança do clima, perda de biodiversidade e degradação de solo e água.”

Até recentemente, disse ele, a comunidade científica não podia mensurar, monitorar e analisar as complexas ligações de agricultura e ambiente em escala global. “Hoje, no entanto, temos novos dados que caracterizam padrões e tendências globais em ambos. De acordo com a Organização para Alimentos e Agricultura da ONU (FAO), as colheitas cobrem 1.3 bilhão de hectares (ou cerca de 12 por cento da superfície livre do planeta), enquanto pastos cobrem outros 3.38 bilhões de hectares (ou 26 por cento). Isto compreende a terra mais adequada à agricultura. O resto é formado por desertos, montanhas, tundra, cidades, reservas ecológicas e outras terras não apropriadas.”

Estudos mostram que entre 1985 e 2005 os campos e pastos do mundo tiveram expansão de 154 milhões de hectares (cerca de 3 por cento). Mas este crescimento lento inclui expansão significativa nos trópicos, assim como pequena mudança ou decréscimo na zona temperada. O resultado é uma redistribuição bruta de terra tropical em direção aos trópicos, com implicações para produção de alimentos, segurança alimentar e ambiente.

A produção de colheitas no mundo aumentou substancialmente em décadas recentes. Um exame nos dados de colheitas mais comuns, que incluem cereais, oleaginosas, frutas e vegetais, mostra que a produção aumentou 47 por cento entre 1985 e 2005. No entanto, considerando todas as 174 colheitas rastreadas pela FAO, pesquisadores descobriram que a produção global delas cresceu apenas 28 por cento durante aquele período.

Este ganho de produção ocorreu com um aumento marginal de área plantada de 2.4 por cento, sugerindo um aumento de 25 por cento em ganho. No entanto, a área de plantio colhida aumentou em cerca de 7 por cento entre 1985 e 2005, quase três vezes a mudança em área de plantio, devido a colheitas múltiplas, menos colheitas ruins e menos terra alqueivada. Levando-se em conta o aumento de terra plantada, os ganhos globais de colheitas cresceram em apenas 20 por cento no período, substancialmente menos que os propagados 47 por cento , um indicador de que as colheitas não estão aumentando tão rápido quanto antes.

Descobriu-se também que a mensuração por agregado não revelou tendências em colheitas individuais ou grupos delas. As colheitas de cereais, por exemplo, diminuíram em área plantada em 3.6 por cento, mas a produção total cresceu em 29 por cento, refletindo um ganho de 34 por cento nestes hectares. As colheitas de oleaginosas, por outro lado, mostraram grandes aumentos tanto em área plantada (43 por cento) quanto produtividade (57 por cento), resultando em um aumento de 125 por cento na produção total. A maioria das outras colheitas mostraram ganhos no período, mas não as de forragem, com queda de produção de 18 por cento.

Outro ponto importante notado foi a alocação de colheitas para propósitos não-alimentares humanos, como alimentação de rebanhos, bioenergia e outros produtos industriais, o que afeta o total de alimentos disponíveis no mundo. Globalmente, apenas 62 por cento da produção é alocada para uso humano, versus 35 para uso de animais, que indiretamente produzem alimento humano, e 3 por cento para bioenergia e outros produtos industriais.

Revelou-se também a existência de chocantes disparidades entre regiões que primariamente plantam colheitas para consumo humano direto e as de plantio para outros usos. A América do Norte e a Europa devotam cerca de apenas 40 por cento de suas colheitas à produção direta de alimentos, enquanto que esta alocação na África e Ásia é tipicamente de 80 por cento. Os extremos vão do alto Meio Oeste americano, com menos de 25 por cento, ao sul da Ásia, com mais de 90 por cento, informa a Scientific American.

Fonte: Planeta Urgente

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